Jornalistas não olham para o ´rabo´ e fazem jogo de pseudos-esquerdistas
Walmir Rosário
A bola da vez no segundo turno da campanha política para eleger o prefeito de Salvador é Caetano Veloso, ao afirmar que votaria em ACM Neto. E ele foi eleito pela mídia, ou melhor, pelos jornalistas e marqueteiros, que tentam, a todo o custo, reinventar a campanha do “bem contra o mal”, editada no passado para eleger Tancredo Neves, Waldyr Pires, dentre outros políticos responsáveis pela derrocada da esquerda brasileira.
Aliás, no mundo inteiro “esquerda” vem se tornando apenas uma simples noção de localização, a exemplo de vire à esquerda, como no trânsito, tal jogador chuta melhor com a esquerda e não mais os simpatizantes de um regime socialista ou comunista. Muito menos as formas de organização econômico-políticas contrárias ao capitalismo sob o argumento de acabar com as desigualdades sociais.
Se em todo o mundo a derrubada do muro Berlim provocou uma mudança profunda nas formas de administrar o Estado, a exemplo da Rússia, Cuba, dentre outros, o que não dizer do que acontece na China, com reflexos em outras economias. E no Brasil não foi diferente, pois nosso governo (e os governantes Lula e Dilma) que ainda teima ser chamado de esquerda assina um documento afirmando ser a China uma economia de mercado.
Então, para onde foi a ideologia dos nossos próceres da Revolução Francesa, Revolução Bolchevique e até mesmo os que tentaram no Brasil lutar contra a ditadura de Vargas e dos militares do golpe de 64?
Simples, no nosso Brasil varonil continuam como sempre, se amoldando às mais diferentes situações. Uns, pelo fim do deslumbramento ao conferir, in loco, a chegada desses líderes ao poder; outros, pela simples observação do desempenho quando tomaram o poder, pelo voto, é claro. Uma grande decepção.
Pior, ainda, do que isso, no Brasil o fim da ideologia foi decretado com todos os “efes” e “erres” pelo governo do presidente Lula ao executar o projeto de Zé Dirceu para instalar o PT por 20 anos nos quartos e corredores do Palácio da Alvorada. E o resultado está aí sendo julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), apesar dos petistas jurarem, “de pés-juntos” que nada têm a ver com isso. “É coisa da direita”, tentam enganar aos incautos.
Quanto aos jornalistas, o mal cometido contra a pessoa humana é ainda maior do que o velho patrulhamento praticado pelas velhas (claro) esquerdas contra aqueles que tentassem sair do seu jugo e jogo político. Somente a título de lembrança, nosso conterrâneo Jorge Amado sofreu muito mais do que o não menos que o patrício de Santo Amaro da Purificação, Caetano Veloso.
A tentativa de inquisição chega ao extremo de julgar e condenar não só o “cacique” Antônio Carlos Magalhães, mas lançar à fogueira da maldição toda a sua família, incluído aí filhos, netos e bisnetos. Será que é humano quem pratica a desumanidade? A história nos mostra que era própria das populações bárbaras, a prática do “olho por olho”, o “dente por dente”, desconhecendo a indulgência e a piedade.
Na legislação moderna, adotada pela quase unanimidade dos países, os códigos penais abominaram esses tipos de pena que eram transmitidas a gerações inteiras e hoje não passam do próprio acusado. Mesmo assim, é preciso que haja um julgamento pelo órgão do Estado incumbido deste mister, observando, ainda, o consagrado princípio do in dubio pro reu (na dúvida, beneficie-se o réu).
E quanto aos jornalistas, publicitários e marqueteiros, esses merecem uma reflexão por demais profunda. Em cada campanha pululam – pelo consagrado direito do trabalho, é claro – de candidato a candidato. Esquerda ou direita pouco importa, pois acreditam que estão vendendo um simples sabonete, pasta de dentes ou uma nova tintura para o cabelo.
Assegurado o seu sagrado direito de trabalhar, pouco importa se ao ganhar a eleição aquele candidato que ele fez o bonito invólucro para vender como “o melhor do mundo” à população cometa as tiranias que dele se esperava. Caetano Veloso, ao contrário, não agiu à sorrelfa, de forma dissimulada e escolheu quem ele, como cidadão, considera o candidato ideal para governar a cidade do Salvador. Nada mais honesto.
Quanto ao pobre desse escrevinhador borra-papéis, tive a honra de trabalhar em campanhas políticas e no jornal Correio da Bahia, de Antônio Carlos Magalhães, o temido ACM. Posso assegurar: não havia emprego mais democrático e todos eram tratados com respeito, inclusive as dezenas de conhecidos jornalistas e publicitários de origem nos antigos partidos de esquerda.
Aprendam com Caetano Veloso, que ainda tem muito o que ensinar.
Jornalista, advogado e editor do site www.ciadanoticia.com.br